De alguns anos para cá, nossa sociedade vem abraçando um modo mais natural e realista de beleza. Isso se aplica, por exemplo, às mulheres, pois muitas estão voltando a usar seus cabelos naturais, sem tratamento químico. Mas se aplica também às nossas casas, onde retomamos a valorização do artesanal e o uso de materiais da forma como os encontramos na natureza. Enquanto essa ideia de beleza imperfeita é relativamente nova para os ocidentais, trata-se de uma filosofia profundamente arraigada à cultura japonesa, batizada de Wabi-sabi. Essa expressão, que não possui tradução concreta em nenhuma outra língua no mundo, significa aceitar a imperfeição, a assimetria, a irregularidade, a modéstia e a humildade como atributos de beleza.
A beleza de tudo
No atual contexto de bem-morar, essa filosofia originada no Zen Budismo é traduzida, pelos designers, através da fusão da tecnologia e do digital (que não precisam ser abandonados) com o artesanal e a natureza. Trata-se de conseguir ver a beleza em tudo, até no que parece insignificante, como marcas do tempo, falhas e rachaduras. Está debaixo dos nossos olhos, mas é preciso algum desapego para enxergá-la.
Se aprofundando
Uma ótima inspiração para quem se interessa por esse conceito japonês – de que a beleza é encontrada no imperfeito, impermanente e incompleto – é o livro “Perfect Imperfect: the beauty of accident, age & patina” (“Imperfeito perfeito: A beleza do acidente, da idade e da pátina”, em tradução livre), de Karen McCartney, Sharyn Cairns e Glen Proebstel (Murdoch Books, 2016). A obra é recheada por imagens que provam: a verdadeira originalidade está no inesperado, não convencional, na coleção, colaboração, reutilização e reimaginação.
O Wabi-sabi passa longe de apetrechos, distrações e ruídos visuais. Seguindo esse pensamento, o lar precisa de ambientes minimalistas, simples, orgânicos e modestos. Ele deve ter peças escolhidas por sua utilidade, beleza ou sentimento. Valem artes decorativas, mobiliário com elementos reciclados/reaproveitados, antiguidades, objetos feitos à mão ou usados. De preferência, acompanhados por elementos da natureza, como plantas, flores e galhos.
Wabi-sabi na Lider
Na Decora Lider Rio de Janeiro 2016, um ambiente carrega essa pegada: o CAFOFO projetado pelo Studio Ro+Ca. Além da parede desgastada, com duas obras de arte, traz também algumas plantas. O pufe é revestido em couro, acabamento que vai carregando as marcas do tempo, em contraste com uma vibe mais urbana. Viu como ficou fácil aplicar na sua casa? Experimente a real beleza na sua casa!