Há quem não abra mão dos vinhos italianos, enquanto outros preferem os franceses. Argentinos e chilenos são ótimas opções quando se fala em custo-benefício. Mas e os brasileiros? Se você torce o nariz para vinhos “made in Brazil”, saiba que está precisando rever os seus conceitos. Conversamos com o viticultor e sommelier Rodrigo Sucena, sócio administrador da Ercoara – Cordeiro e Vinho e da Vinícola Brasília, para saber mais sobre os vinhos de colheita de inverno, cultivados principalmente nas regiões do Sudeste e Centro-Oeste, graças a um processo chamado dupla poda.
O viticultor e sommelier Rodrigo Sucena, sócio administrador da Ercoara – Cordeiro e Vinho e da Vinícola Brasília.
Os vinhos brasileiros de coleta de inverno tem sido produzidos em regiões mais centrais do país, como Sudeste, Centro-Oeste, a região da Chapada Diamantina, na Bahia, Espírito Santo, parte do Rio de Janeiro, Sul de Minas e norte de São Paulo. São regiões com um verão muito chuvoso, então nós temos a inversão do ciclo da videira para o Outono e Inverno, o que possibilita o cultivo de uvas.
Nessas regiões, temos uma janela climática de maio a agosto muito favorável para a maturação plena e lenta da uva. Nesse período, nós temos uma temperatura durante o dia em torno de 23 a 25 graus e noites frias, em torno de 8 a 10 graus, além do solo seco, já que o índice pluviométrico neste período é muito baixo. Isto faz com que a uva consiga ter uma concentração maior de açúcares, desenvolver melhor todos os compostos enófilos, toda a formação de luz e calor que ela recebe durante o dia com o frio da noite ela consegue metabolizar nos cachos.
Seu grande diferencial é a plena maturação das uvas, que resulta em um vinho mais complexo, com concentração de aromas, de corpo, de tomilho e de açúcares que se transformam em álcool. São vinhos mais encorpados, mais aromáticos, com potencial maior de guardo.
A dupla poda, em que nós invertemos o ciclo da videira. Conduzimos a videira fazendo duas podas e concentrando a segunda poda para o período de maturação, em que ele possa coincidir com essa janela principal favorável, de temperaturas amenas durante o dia, noites frias e solo seco. Além disso, há todos os equipamentos que usamos para armazenar tudo que a uva consegue preservar durante sua maturação.
A Syrah tem uma boa produtividade, com vinhos que tem ganhado medalhas fora do país e agradado ao paladar brasileiro. Uma outra variedade é a Sauvignon Blanc, que tem uma boa resposta à dupla poda e uma boa adaptação ao clima.
Eu sou suspeito para falar, porque sou um apaixonado pelos vinhos brasileiros, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, mas vou me ater aos vinhos produzidos na região central. Gosto muito dos vinhos da Casa Verrone, em São Paulo, da Primeira Estrada, em Três Corações, Sul de Minas, Guaspari em São Paulo, Vinícola Brasília, Vinícola Girassol em Goiás, Vinícola Pirineus. São vinhos excepcionais, que tem surpreendido o mercado.
Pronto para experimentar um vinho brasileiro da colheita de inverno? Conta pra gente nos comentários!
